sábado, 27 de dezembro de 2008

Quão estável é a personalidade ao longo do desenvolvimento?

As pesquisas do desenvolvimento tem procurado responder a uma questão fundamental: Quão estável é a personalidade no decorrer da vida?
No filme 49 UP acompanhamos o drama de Neil, uma criança fascinante e risonha que queria ser astronauta ou motorista de ônibus. Aos 14 anos já mostrava uma faceta sombria, afirmando que jamais tinha tempo para brincar. Logo pelas primeiras entrevistas ele demonstrava um claro espírito de liderança, atrapalhado por uma ansiedade que cresceria a ponto de tomá-lo por inteiro. Aos 21 anos havia largado a faculdade, trabalhava numa construtora e morava em um imóvel desocupado. Aos 28 anos viveu sozinho em um trailer sujo, numa região rural da Escócia, duvidando sobre sua própria insanidade. “Era conhecido como um excêntrico”, respondeu quando questionado sobre como os outros o viam. Sobre filhos dizia: “Não quero ter filhos, pois as crianças sempre herdam algo de seus pais. E mesmo que eu case com a mulher mais alto astral e feliz do universo, há chance de que meu filho venha a ser uma pessoa triste, porque acabaria herdando algo de mim”, avalia enquanto balança desconsoladamente a cabeça. Aos 35 anos Neil continuava vivendo do seguro social, passando fome ocasionalmente e temendo ficar louco. Quando entrevistado neste período e questionado sobre o que estaria fazendo daqui a sete anos ele diz: “Gostaria de estar fazendo várias coisas. A questão é o que eu estarei fazendo. Essa é uma pergunta horrível. A resposta é que provavelmente estarei vagando pelas ruas de Londres, mas com sorte isto não acontecerá”. Quando o pequeno Neil parecia ser um caso perdido, “42 Up” mostra uma reviravolta na vida do personagem e “49 Up” muda tudo novamente.
Aos 42 anos havia mudado para Londres e tornara-se um democrata liberal. Aos 49 Saiu de Londes para outra parte na Inglaterra, e fazia parte do Conselho Fiscal. Nesta época visitou Bruce, um outro personagem que observou o comportamento do colega, que este se incomodava com barulho do ar-condicionado ou do aspirador de pó, mas fora isso aparentou estar bem. Neste período mostrou um maior interesse pelas atividades da igreja, mas afirmou que não havia sentido o “famoso chamado sacerdotal, nem nada do tipo no momento”. Estava mais adaptado a vida social. O relacionamento com os pais que até então era frio e distante, torna-se mais próximo o que proporciona momentos para restaurar o vínculo familiar.
Sobre casamento lamenta não ter encontrado alguém do sexo oposto com quem se relacionasse, mas afirma que não era uma pessoa fácil. “Tive uma namorada por uns dois anos, então, talvez não seja uma pessoa tão impossível como pode parecer”. No último “49 Up”, Neil parecia ter um sentido de vida mais forte do que antes: “Vejo que só há uma vida e ela é curta. É preciso valorizar o lado bom dela”, conclui.
Este caso vem prestar alguns esclarecimentos acerca do desenvolvimento da personalidade, pois sua transformação vem ilustrar que as mudanças mais importantes da personalidade às vezes ocorrem durante a vida adulta.

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