sábado, 27 de dezembro de 2008

Os mecanismos de defesa do adolescente

I. INTRODUÇÃO

A adolescência como sabemos, é uma fase muito complicada para uma grande maioria da população. Temos falado muito sobre desajustes psicológicos, transtornos de conduta entre outros, e muitos causados pela muita ansiedade.
Porém, para livrar-se dessas ansiedades, o Ego, parte consciente de nossa personalidade, vale-se de vários mecanismos, estes denominados Mecanismos de adaptação psicológica ou mecanismos de defesa do ego. Alguns desses mecanismos são considerados anormais e prejudiciais, como as compulsões, fobias, obsessões...
Neste trabalho abordaremos sobre os mais comuns à maioria e que muitas vezes aparecem emaranhados uns nos outros de tal modo que fica difícil identifica-los.


AJUSTAMENTO

Podemos simplificar essa definição como o processo que visa à satisfação de necessidade. Estas existem em forma de impulsos, que estimulam o córtex cerebral e demais partes do sistema nervoso, provocando reações, respostas, a cujo conjunto chamamos de comportamento. Diariamente um bom número de necessidades aparecem e cada um de nós tem diferentes meios de satisfaze-las, ou em outras palavras, reduzir os estímulos dos impulsos.

FRUSTRAÇÃO
Surgem quando circunstâncias contrárias impedem a satisfação das necessidades e desejos. O adolescente que esperava obter uma nota alta numa prova de inglês, começa a experimentar os efeitos da frustração ao ver que a análise de um texto lhe parece muito difícil. A causa da frustração pode ser interna ou externa. Interna se for por deficiência do aluno e externa se o professor ainda não havia explicado o assunto.

CONFLITO
Conflito é um termo usado para designar o estado de tensão, ou estresse, em que a pessoa se encontra por ter que se decidir por uma ou outra alternativa durante a satisfação de suas necessidades. Os adolescentes podem ser envolvidos por vários tipos de situações conflituais no lar, na escola, no grupo de amigos e na comunidade.

II - OS MECANISMOS MAIS COMUNS

1. PROXIMIDADE
Esse mecanismo aparece logo na infância. A criança dirige-se ao objeto desejado e procura apanha-lo. Se for dada a liberdade total a ela, para que consiga tudo o que desejar, com o tempo ela pensará que o mundo é todo seu e que todos devem servi-la. Os adolescentes que revelam sempre esse mecanismo são os que apresentam traços de uma personalidade psicopata. Quando boa parte dos desejos são de objetivos difíceis de serem atingidos, o adolescente procurar chamar a atenção discordando, desobedecendo, usando roupas extravagantes etc. Uma vez que os adultos não apresentem reforço nem positivo, nem negativo, esse comportamento extravagante tende a se extinguir. È o método da disciplina pelo silêncio.

2. AGRESSÃO
O homem é o mais agressivo dos seres vivos porque é mais rico de necessidades, e, portanto, mais sujeito a frustração. Os meninos são mais agressivos que as meninas devido a presença em maior quantidade do hormônio testosterona. Alem do mais, é maior o número de necessidades na adolescência, que não podem ser satisfeitas pronta e totalmente, como a de contatos sexuais e atividades espontânea. Para certos adolescentes, nem as necessidades de alimentos são integralmente satisfeitas.
Na escola há várias atividades que podem proporcionar esse equilíbrio emocional, baixando a tensão. A prática de esportes, teatro, competições, campanhas, gincanas, grêmio estudantil etc.
A escola e os pais devem permitir o surgimento no adolescente de válvulas de escape para canalizar essa agressividade, para que a ansiedade não leve o jovem ao abuso de drogas, neuroses e psicoses.

3. RACIONALIZAÇÃO
É o mecanismo que permite ao adolescente atribuir uma nota baixa de um mês ao método de ensino do professor, outro mês ao grupo de trabalho, depois ao prédio da escola que não está bom, e assim por diante, sempre se desculpando como Adão no paraíso. Assim, ao racionalizar, o Ego se defende da ansiedade. Pois ao me recriminar, estou me frustrando, aumentando a ansiedade. Então, o Ego vale-se dos meios que dispõe para puxar a sardinha para seu lado.
Aceitar algumas racionalizações não faz mal, pois eles têm necessidade de se sentirem seguros e fortes, porém, se ele se utiliza com uma freqüência exagerada, é preciso faze-los entender que muitas dessas justificativas de nada o ajudarão. Porém, é uma tarefa nada fácil, porque desde pequeno, ele vem se exercitando nessa prática usual entre nós, a de criar comos e porquês.

4. REPRESSÃO
Consiste em excluir da consciência as experiências desagradáveis. Para Freud esse era o principal mecanismo de defesa e servia como base para a elaboração de outros. Reprimir sentimentos hostis e idéias de destruição na infância é um hábito comum a nós. È prejudicial porque quando nunca se pode agir agressivamente a ansiedade se torna muito forte e a pessoa passa a ser levada a ajustamentos neuróticos.




5. SUBLIMAÇÃO
A sublimação consiste em utilizar uma alternativa socialmente aprovada, quando o desejo real não pode ser satisfeito. O menino que não pode revelar seu amor a garota desejada, pode expressar-se escrevendo versos de amor, poemas, canções. È uma forma de compensação.
Os adolescentes não podem satisfazer-se sexualmente como os adultos. Para a masturbação não ser o único meio de obter prazer, a escola deve propiciar aos mesmos, atividades em que os impulsos sexuais sejam sublimados, como as práticas esportivas.

6. COMPENSAÇÃO
A compensação surge como resposta a um sentimento de inferioridade. A menina magricela, e sem graça, que não consegue arrumar namorado, “devora” os livros, e ganha a fama de sabe-tudo. O menino que jamais foi aplaudido na escola, reconhecido em casa, e sempre foi ferido no seu amor próprio, pode mostrar na rua que o é de verdade, agredindo os colegas e chamando a atenção de todos os que passam.

7. PROJEÇÃO
È a tendência de transferir aos outros, projetar idéias, sentimentos, expectativas e desejos que na verdade são nossos e não deles, embora afirmemos o contrário.

8. IDENTIFICAÇÃO
A identificação começa cedo na nossa vida. O menino fraco, impotente, identifica-se com o pai. Ele então, não precisa sofrer tanto por suas deficiências.

9. FORMAÇÃO REATIVA
Consiste de substituir uma reação que provocará ansiedade ou frustração. A menina que descobre que vai ter um filho, começa a não querer o filho. Porém, depois que ele nasce, ela pode desenvolver uma reação oposta, superprotegendo-o. O estudante que não namora e que gostaria, pode se por a favor de qualquer medida visando coibir o namoro na escola.

10. ISOLAMENTO
Ante situações que significam ameaças, e sujeitos a momentos de aflição, os adolescentes podem achar mais fácil se isolarem. È mais cômodo para o ego do que a agressão, que exige maior dispêndio de energia. Este mecanismo abre precedentes para outros como “sonhar acordado” sem ter que enfrentar a realidade e vícios.


11. REGRESSÃO
È o uso de hábitos primitivos, quando o ajustamento se torna difícil e outros mecanismos não ajudam aliviar o estresse. O adolescente que foi ridicularizado por um adulto e não encontra meios de se acomodar a situação, bate o pé, funga, ameaça chorar e diz que contará tudo a seu pai (Você vai ver!...). O mais usual é o emburramento das meninas que se julgam mais sabidas da turma e recebe uma nota menor que 10.

12. NEGATIVISMO
Ser negativista é opor-se as pessoas, negar o valor do que os outros fazem, menosprezar o valor das normas, valores e regras da sociedade. O adolescente negativo é inseguro e suas atitudes visam chamar a atenção e obter auto-estima que lhe falta. A forma de ajudá-lo é evitar situações que o coloquem em estado conflitual, trata-lo como os demais, não como problemático, nada de mimos excessivos ou desafios diretos que produzem apenas o reforço para o seu comportamento agressivo.

13. DESLOCAMENTO
É o mecanismo de desviar sentimentos, desejos, que deveriam se dirigidos a alguém e são desviados para outra pessoa.

14. ADIAMENTO DE SATISFAÇÃO
A fim de obter prazeres mais duradouros, muitas satisfações são adiadas. Nas escolas, os adolescentes são sugestionados a adiar muitos desejos para o futuro. Como incutir na cabeça do jovem que uma vez formado, terá oportunidade de satisfazer todos os seus desejos pessoais, é um dos antigos costumes.

15. GENERALIZAÇÃO

É o mecanismo através do qual, o indivíduo atribui a muitas pessoas, ou ao gênero humano, aquelas verdades desagradáveis ao seu ego.

16. EXPIAÇÃO
Esse permite que o jovem livre-se do sentimento de culpa. Ele procura reparar um mal com uma ação diretamente oposta. O aluno que matou aula e foi jogar bola, sem que os pais soubessem, ele vai arrumar a casa para a mãe, lavar o carro para o pai.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁGICA


Dorin, Lannoy. Psicologia da adolescência: para jovens, pais e professores. São Paulo: Brasil S.A., 1975.

2 comentários:

  1. OLÁ, GOSTARIA DE SABER PORQUE GERALMENTE OS IDOSOS E ADULTOS UTILIZAM MENOS DOS MECANISMOS DE DEFESA DO QUE OS ADOLESCENTES... MUITO OBRIGADA

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  2. Comigo não teve nada de complicação na adolescência... Isso tudo é desculpa de quem não quer cumprir as suas obrigações e respeitar os outros.

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