sábado, 27 de dezembro de 2008

10 dicas para identificar quando um homem não está a fim de namoro.

1-) Evita sua família e amigos. Quando o cara não quer evoluir no relacionamento, ele evita qualquer criação de vínculo com amigos e principalmente com os pais da garota. Isso por que os pais geralmente não assimilam a diferença entre namoro e ficar e ai logo começam a pesar em cima do rapaz com assuntos vem-cá-meu-genro (mães, por exemplo, adoram mostrar fotos da sua filha bebê ¬¬).
2-) Some quando você está pra baixo. Ok, mulher quando está de TPM ou pra baixo é terrível de engolir, porém se é uma peguete que o cara tem consideração ele ouve as reclamações e conversa numa boa. Porém, se a garota é só mais uma piriguete, no momento que o cara perguntar pra ela “Oi, tudo bem?” e ela responder “Mais ou menos” o status no MSN dele fica ausente ou off-line, se for no telefone ele procura encerrar a ligação o mais breve possível.
3-) Te procura em horários atípicos. Na sexta-feira ele tenta sair com seus amigos, mas se por algum motivo não dá certo, as 23:30 ele liga pra você dizendo que gostaria de sair. Ou então liga completamente bêbado as 5:00 da manhã para tentar te ver pessoalmente, pois está com saudade. Traduzindo, quer te comer.
4-) Tudo acaba em sexo. O único intuito para ele sair com você é sexo ou putaria. Por isso, ele pode até mascarar o passeio com um barzinho antes, mas isso é pretexto pra te deixar alegrinha e depois ir direto pro motel. Geralmente, eles evitam programas muito sociais em que a chance de terminar em sexo é baixa (como teatro).
5-) Amigos sempre em primeiro lugar. Um homem jamais trocará um programa com seus melhores amigos por uma garota qualquer. Agora, se ele havia marcado de sair com eles e desmarcou pra sair com você, é um bom sinal. Principalmente se não necessariamente acabar em sexo. Se você é só mais uma na geladeira, provavelmente ele dirá que já tem algo marcado.
6-) Papos superficiais. Se você é só mais uma, ele não vai se abrir contigo sobre os seus problemas e questões mais “sérias” da sua vida. O papo sempre será novela das 9, condição do tempo, e demais banalidades. O contrário também é verdadeiro, se você começar a falar de questões mais “profundas”da sua vida ele não dará a mínima e mal vai te fazer perguntas, será um mero ouvinte.
7-) Não possui consideração. Fala de seus antigos relacionamentos constantemente, não se preocupa com o visual, se está com a barba por fazer, tênis sujo, perfumado, etc.
8 -) Economiza com você (neste caso só fica isento homens muito pobres). Vai te levar pra comer num restaurante meia boca, não dá presente e vai para um drive-in transar (essa é a mais evidente). A lógica é, quanto menos gastar pra transar com você, mais a saída compensará.
9-) Depressão pós-sexo latente. Depois de transar a vontade dele é que você suma dali ou que vire uma pizza. Como a segunda opção ainda não está disponível no mercado, ele faz de tudo para ir embora do local.
10-) O sumiço. Quando a pessoa gosta da outra, é difícil ela conseguir ficar mais de três dias sem falar com a outra. Portanto, se só após uma semana o cara te procurar de novo, lanchinho a vista.
Claro, se o cara só manifestou um dos itens acima, não quer dizer necessariamente que não rolará um namoro, porém se foram 3 ou mais a chance é de 95%.

Disponível em:http://www.manualdocafajeste.com/2008/06/06/nao-vai-dar-namoro/

– Por que no inconsciente , só há causa daquilo que manca?

Porque aquilo que manca é da ordem de um desejo; Essa causa não é uma causa determinada, pois ela é uma causa sem causa. Entre a causa e o que afeta existe um tropeço. É na hiância, naquilo que falha/ manca é que se acha essa causa.
Os sintomas apresentados possuem significados diferentes, sendo que sua interpretação não é do nível da razão. Não é o terapeuta que vai dar a interpretação, e sim o próprio paciente, ou melhor, o seu inconsciente. É preciso estar atento no que falha, pois essa realidade só tem explicação quando falhar.

Dibis em busca de si mesmo

RESENHA

Titulo: Dibs em busca de si mesmo: Tradução de Célia Soares Linhares.
Autora: AXLINE, Virgínia Mae.
Local: Rio de Janeiro: Agir, 2005.
220p: 14 X 21 cm
Por: Daniella de Souza Rocha


A obra de Virgínia Axline, narra a trajetória de um garoto de 5 anos de idade, marcado por traumatismos profundos desde o nascimento, e de como encontrou o caminho de volta ao mundo das crianças.
No começo da narrativa, Dibs (nome fictício) não falava de modo algum. Seu comportamento variava em permanecer sentado, mudo e imóvel durante toda a manhã ou engatinhava ao redor da sala, absorto e desligado de tudo e outra vez tinha violentos acessos de raiva. Seria Dibs um retardado mental?
Havia alguma coisa que impedia os professores de classificá-lo devido suas atitudes paradoxais: ás vezes apresentava indícios de retardamento mental, outras vezes realizava suas atividades rapidez e tranqüilidade que evidenciava possuir um nível de inteligência superior. Os pais, no entanto preferiam acreditar que Dibs era um retardado mental a admitir que seu drama fosse causado por problemas emocionais.
Convidada a participar de uma conferência na escola de Dibs, D. Axline tem a primeira noção do que era Dibs, e aceitou o desafio de ajudá-lo no encontro consigo mesmo, usando a técnica de ludoterapia.
O livro na maior parte trata do que acontece na sala de ludoterapia, e podemos ilustrar esse processo, com uma passagem extraída de um encontro casual entre a psicoterapeuta, Virgínia Axline e seu cliente, é Dibs, ocorrido dois anos e seis meses após o encerramento do processo psicoterapêutico.
"_ Estou crescido agora, mas lembro-me sempre de quando era bem, bem pequeno e fui pela primeira vez vê-la. Lembro-me dos brinquedos, da casa de bonecas, da areia, do homem, da mulher e das crianças, do mundo por mim construído. Lembro-me do repicar dos sinos, da hora de ir para casa e do caminhão. Lembro-me da água, das tintas, das louças. Lembro-me de nosso escritório, de nossos livros e de nosso gravador. Lembro-me de como você brincava
comigo.- Como nós brincávamos, Dibs?Dibs inclinou-se em minha direção, Seus olhos brilhavam.
- Tudo o que eu fazia você aceitava, murmurou, Com tudo que eu dizia você concordava. - (...) Na primeira vez que fui ao Centro (referindo-se à Clínica Infantil onde fora atendido), a sala pareceu-me tão grande, E os brinquedos não me pareciam amigos. Estava com medo. - Por que você sentia medo?- Não sei! Apavorei-me, a princípio, porque não sabia o que você faria e o que deveria eu fazer. Mas você disse Tudo isto é seu Dibs. Divirta-se. Ninguém virá magoá-lo aqui. - Eu disse isto?- Sim, respondeu Dibs decisivamente. Foi o que você disse para mim. Pouco a pouco comecei a acreditar em você. E o caminho foi-se abrindo. Você me sugeriu que lutasse contra os meus inimigos até que eles gritassem que estavam arrependidos por me haverem ferido. - E assim você o fez?- Sim. Encontrei meus inimigos e lutei contra eles. Então, descobri que já não mais estava amedrontado ...."(ps.279-280).
Através de sua experiência na sala de ludoterapia, em seu lar, em sua escola, sua personalidade desenvolveu-se e enriqueceu, de diferentes maneiras, e com certeza a vida de muitos outros que tiveram o privilégio de conhecê-lo.

Dibs: em busca de si mesmo é um livro de leitura agradável, simples e acessível pra pais, professores e estudiosos da área de psicologia. É quase impossível não se apaixonar pelo livro, principalmente por Dibs e a “todos os Dibs do mundo”.
Como estudante de psicologia, o livro serviu para reforçar ainda mais o desejo de mergulhar mesmo nessa profissão, ou melhor, amar esse chamado, essa vocação.
Outro ponto interessante é de como o leitor pode se identificar por diversas vezes com vários personagens do livro: pai, mãe, professora, terapeuta e... Dibs. É impossível não sentir empatia por eles e extrair diversas lições para o dia-a-dia. Em alguns momentos o leitor pode chegar a frustrar-se com as oscilações que há no processo de abertura emocional de Dibs, que ás vezes parece regredir, voltar ao estágio inicial. Porém, a sabedoria e paciência da terapeuta nos levam a refletir sobre respeitar o tempo de cada um e não interferir.
A autora, famosa na área de psicóloga, por suas contribuições para a teoria e prática da Ludoterapia Infantil. Entre suas obras, podemos destacar também Plav Therapy: The inner Dynamics of Childhood, que tem conquistado ampla aceitação.
A tradutora do livro, Célia Soares Linhares, natural de São Luís, Maranhão, é Bacharel e licenciada em Pedagogia pela Universidade do Maranhão. Após 10 anos de magistério superior, seguiu para os EUA, onde em 1969 recebeu o grau de Máster em Filosofia e Sociologia da Educação pela Universidade Estadual de Michigan. Lecionou cursos de mestrado da Faculdade Federal Fluminense.
Dibs: em busca de si mesmo é um livro fascinante, cativante e motivador. De leitura obrigatória para que almeja ingressar na área de psicologia.

Os mecanismos de defesa do adolescente

I. INTRODUÇÃO

A adolescência como sabemos, é uma fase muito complicada para uma grande maioria da população. Temos falado muito sobre desajustes psicológicos, transtornos de conduta entre outros, e muitos causados pela muita ansiedade.
Porém, para livrar-se dessas ansiedades, o Ego, parte consciente de nossa personalidade, vale-se de vários mecanismos, estes denominados Mecanismos de adaptação psicológica ou mecanismos de defesa do ego. Alguns desses mecanismos são considerados anormais e prejudiciais, como as compulsões, fobias, obsessões...
Neste trabalho abordaremos sobre os mais comuns à maioria e que muitas vezes aparecem emaranhados uns nos outros de tal modo que fica difícil identifica-los.


AJUSTAMENTO

Podemos simplificar essa definição como o processo que visa à satisfação de necessidade. Estas existem em forma de impulsos, que estimulam o córtex cerebral e demais partes do sistema nervoso, provocando reações, respostas, a cujo conjunto chamamos de comportamento. Diariamente um bom número de necessidades aparecem e cada um de nós tem diferentes meios de satisfaze-las, ou em outras palavras, reduzir os estímulos dos impulsos.

FRUSTRAÇÃO
Surgem quando circunstâncias contrárias impedem a satisfação das necessidades e desejos. O adolescente que esperava obter uma nota alta numa prova de inglês, começa a experimentar os efeitos da frustração ao ver que a análise de um texto lhe parece muito difícil. A causa da frustração pode ser interna ou externa. Interna se for por deficiência do aluno e externa se o professor ainda não havia explicado o assunto.

CONFLITO
Conflito é um termo usado para designar o estado de tensão, ou estresse, em que a pessoa se encontra por ter que se decidir por uma ou outra alternativa durante a satisfação de suas necessidades. Os adolescentes podem ser envolvidos por vários tipos de situações conflituais no lar, na escola, no grupo de amigos e na comunidade.

II - OS MECANISMOS MAIS COMUNS

1. PROXIMIDADE
Esse mecanismo aparece logo na infância. A criança dirige-se ao objeto desejado e procura apanha-lo. Se for dada a liberdade total a ela, para que consiga tudo o que desejar, com o tempo ela pensará que o mundo é todo seu e que todos devem servi-la. Os adolescentes que revelam sempre esse mecanismo são os que apresentam traços de uma personalidade psicopata. Quando boa parte dos desejos são de objetivos difíceis de serem atingidos, o adolescente procurar chamar a atenção discordando, desobedecendo, usando roupas extravagantes etc. Uma vez que os adultos não apresentem reforço nem positivo, nem negativo, esse comportamento extravagante tende a se extinguir. È o método da disciplina pelo silêncio.

2. AGRESSÃO
O homem é o mais agressivo dos seres vivos porque é mais rico de necessidades, e, portanto, mais sujeito a frustração. Os meninos são mais agressivos que as meninas devido a presença em maior quantidade do hormônio testosterona. Alem do mais, é maior o número de necessidades na adolescência, que não podem ser satisfeitas pronta e totalmente, como a de contatos sexuais e atividades espontânea. Para certos adolescentes, nem as necessidades de alimentos são integralmente satisfeitas.
Na escola há várias atividades que podem proporcionar esse equilíbrio emocional, baixando a tensão. A prática de esportes, teatro, competições, campanhas, gincanas, grêmio estudantil etc.
A escola e os pais devem permitir o surgimento no adolescente de válvulas de escape para canalizar essa agressividade, para que a ansiedade não leve o jovem ao abuso de drogas, neuroses e psicoses.

3. RACIONALIZAÇÃO
É o mecanismo que permite ao adolescente atribuir uma nota baixa de um mês ao método de ensino do professor, outro mês ao grupo de trabalho, depois ao prédio da escola que não está bom, e assim por diante, sempre se desculpando como Adão no paraíso. Assim, ao racionalizar, o Ego se defende da ansiedade. Pois ao me recriminar, estou me frustrando, aumentando a ansiedade. Então, o Ego vale-se dos meios que dispõe para puxar a sardinha para seu lado.
Aceitar algumas racionalizações não faz mal, pois eles têm necessidade de se sentirem seguros e fortes, porém, se ele se utiliza com uma freqüência exagerada, é preciso faze-los entender que muitas dessas justificativas de nada o ajudarão. Porém, é uma tarefa nada fácil, porque desde pequeno, ele vem se exercitando nessa prática usual entre nós, a de criar comos e porquês.

4. REPRESSÃO
Consiste em excluir da consciência as experiências desagradáveis. Para Freud esse era o principal mecanismo de defesa e servia como base para a elaboração de outros. Reprimir sentimentos hostis e idéias de destruição na infância é um hábito comum a nós. È prejudicial porque quando nunca se pode agir agressivamente a ansiedade se torna muito forte e a pessoa passa a ser levada a ajustamentos neuróticos.




5. SUBLIMAÇÃO
A sublimação consiste em utilizar uma alternativa socialmente aprovada, quando o desejo real não pode ser satisfeito. O menino que não pode revelar seu amor a garota desejada, pode expressar-se escrevendo versos de amor, poemas, canções. È uma forma de compensação.
Os adolescentes não podem satisfazer-se sexualmente como os adultos. Para a masturbação não ser o único meio de obter prazer, a escola deve propiciar aos mesmos, atividades em que os impulsos sexuais sejam sublimados, como as práticas esportivas.

6. COMPENSAÇÃO
A compensação surge como resposta a um sentimento de inferioridade. A menina magricela, e sem graça, que não consegue arrumar namorado, “devora” os livros, e ganha a fama de sabe-tudo. O menino que jamais foi aplaudido na escola, reconhecido em casa, e sempre foi ferido no seu amor próprio, pode mostrar na rua que o é de verdade, agredindo os colegas e chamando a atenção de todos os que passam.

7. PROJEÇÃO
È a tendência de transferir aos outros, projetar idéias, sentimentos, expectativas e desejos que na verdade são nossos e não deles, embora afirmemos o contrário.

8. IDENTIFICAÇÃO
A identificação começa cedo na nossa vida. O menino fraco, impotente, identifica-se com o pai. Ele então, não precisa sofrer tanto por suas deficiências.

9. FORMAÇÃO REATIVA
Consiste de substituir uma reação que provocará ansiedade ou frustração. A menina que descobre que vai ter um filho, começa a não querer o filho. Porém, depois que ele nasce, ela pode desenvolver uma reação oposta, superprotegendo-o. O estudante que não namora e que gostaria, pode se por a favor de qualquer medida visando coibir o namoro na escola.

10. ISOLAMENTO
Ante situações que significam ameaças, e sujeitos a momentos de aflição, os adolescentes podem achar mais fácil se isolarem. È mais cômodo para o ego do que a agressão, que exige maior dispêndio de energia. Este mecanismo abre precedentes para outros como “sonhar acordado” sem ter que enfrentar a realidade e vícios.


11. REGRESSÃO
È o uso de hábitos primitivos, quando o ajustamento se torna difícil e outros mecanismos não ajudam aliviar o estresse. O adolescente que foi ridicularizado por um adulto e não encontra meios de se acomodar a situação, bate o pé, funga, ameaça chorar e diz que contará tudo a seu pai (Você vai ver!...). O mais usual é o emburramento das meninas que se julgam mais sabidas da turma e recebe uma nota menor que 10.

12. NEGATIVISMO
Ser negativista é opor-se as pessoas, negar o valor do que os outros fazem, menosprezar o valor das normas, valores e regras da sociedade. O adolescente negativo é inseguro e suas atitudes visam chamar a atenção e obter auto-estima que lhe falta. A forma de ajudá-lo é evitar situações que o coloquem em estado conflitual, trata-lo como os demais, não como problemático, nada de mimos excessivos ou desafios diretos que produzem apenas o reforço para o seu comportamento agressivo.

13. DESLOCAMENTO
É o mecanismo de desviar sentimentos, desejos, que deveriam se dirigidos a alguém e são desviados para outra pessoa.

14. ADIAMENTO DE SATISFAÇÃO
A fim de obter prazeres mais duradouros, muitas satisfações são adiadas. Nas escolas, os adolescentes são sugestionados a adiar muitos desejos para o futuro. Como incutir na cabeça do jovem que uma vez formado, terá oportunidade de satisfazer todos os seus desejos pessoais, é um dos antigos costumes.

15. GENERALIZAÇÃO

É o mecanismo através do qual, o indivíduo atribui a muitas pessoas, ou ao gênero humano, aquelas verdades desagradáveis ao seu ego.

16. EXPIAÇÃO
Esse permite que o jovem livre-se do sentimento de culpa. Ele procura reparar um mal com uma ação diretamente oposta. O aluno que matou aula e foi jogar bola, sem que os pais soubessem, ele vai arrumar a casa para a mãe, lavar o carro para o pai.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁGICA


Dorin, Lannoy. Psicologia da adolescência: para jovens, pais e professores. São Paulo: Brasil S.A., 1975.

Psicologia rural e movimentos sociais

Vida Rural: Constitui uma forma de vida que abrange todos os membros que vivem em uma coletividade rural, trabalham na agricultura ou em outras atividades diferentes. Formaria também parte aquele que vive ou reside em uma localidade rural ainda que diariamente se translade a outras localidades, rurais, urbanas, para realizar suas atividades. 18% da população brasileira vivem em municípios com características rurais, estes que representam ¾ dos municípios brasileiros.

Ao falar sobre rural e agro no Brasil, implica falar também no Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e no processo de reforma agrária. Conforme os últimos dados disponíveis pelo INCRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária) foram criados em todo território nacional, cerca de 2.500 assentamentos, atendendo nos últimos seis anos aproximadamente 550.000 (quinhentos e cinqüenta mil) famílias (www.incra.gov.br) atingindo uma população estimada de mais de dois milhões de pessoas. São números grandes, proporcionais ao tamanho dos problemas do Brasil nessa área.

A implementação de projetos de assentamento tem sido constantemente apontada como uma das ações da reforma agrária que pode contribuir efetivamente para o desenvolvimento rural no Brasil.
Porém, existem diversos impactos sociais políticos e econômicos que esse tipo de ação pode gerar nas comunidades locais. Além desses impactos, existem outros em termos de análises psicossociais e subjetivas dessa população, tais como a violência e os conflitos que ocorrem entre os diversos grupos envolvidos neste processo.
Diante disso, a psicologia social pode participar de forma mais ativa na investigação dos aspectos que regem as relações dos grupos componentes do ambiente rural para servir de base referencial para as intervenções governamentais e privadas. É essencial conhecer as crenças e expectativas dos indivíduos envolvidos no processo, pois essas variáveis concorrem para a formação das normas e pautas de conduta dos grupos. A intervenção de um psicólogo social em um ambiente de construção de identidade social e das relações intra e intergrupais de uma comunidade pode tornar mais eficaz o trabalho de implantação de um projeto, principalmente quando seu êxito e o processo de tomada de decisão incluem a integração grupal.
A psicologia é capaz de oferecer diversos serviços necessários e específicos da área de saúde mental, como: trabalhos avaliação de políticas públicas, sobre cooperativismo e associacionismo, nas cooperativas, nos assentamentos agrários, agroindústria, auxiliar no desenho e na avaliação em modelos de atenção em saúde e educação, como também avaliar o impacto das políticas públicas na comunidade local. Esses serviços podem beneficiar a limitação do caos que se encontra nas grandes cidades, na medida em que sejam ofertadas melhores condições de vida nos pequenos municípios, e atraindo de volta os que partiram, e fixando ali os que não desejam sair.
A psicologia deve e pode apontar conhecimentos que ajudem as pessoas a relacionar-se melhor com o ambiente em que vivem, facilitando o desenvolvimento do meio rural. Partindo do entendimento da realidade rural, esta se tornaria um vasto campo de trabalho para as pessoas, inclusive para o profissional de psicologia.

Por uma psicologia rural

Kurt Lewin foi um dos primeiros a trazer a psicologia para mais perto dos problemas sociais, fato é que é possível encontrar muitos psicólogos estudando ou desenvolvendo ações visando à aplicação dos nossos conhecimentos a atividades próximas à realidade cotidiana.
Porém, é certo que por mais que a psicologia esteja levando em conta a realidade brasileira, com sua cultura, sutilezas e peculiaridades, há uma predominância da psicologia urbana. Essa tendência deve-se ao fato de que os psicólogos são frutos do desenvolvimento e da migração do campo para as cidades, e nos deparamos mais com os problemas urbanos que requerem uma aplicação imediata, e os que originam como a organização fundiária e as políticas públicas para o meio rural ficam sem receber atenção.
É importante salientar que a área rural constitui um campo muito rico de pesquisas e trabalhos a serem desenvolvidos. Vale lembrar que áreas do conhecimento como a sociologia possui uma ramificação de estudos voltados a vida rural, a economia também direciona uma parte de seu esforço para aspectos dessa realidade, e em conjunto com essas áreas, a psicologia tem muito a contribuir para a melhoria das condições de vida das comunidades rurais de nosso país, como trabalhos em avaliação de políticas públicas, na área das organizações sobre cooperativismo e associacionismo, resolução de conflitos, transferência de tecnologias, saúde mental e bem-estar psicológico entre outros.

Diferença de rural e Agrário

O AMBIENTE RURAL

Ainda se confunde o rural com o agrário, como se fossem sinônimos. Setores como as pequenas empresas, o comércio, os grupos culturais, os setores de serviços e os aposentados constituem atualmente novas fontes de renda dos pequenos municípios brasileiros.
O rural ou a sociedade rural em uma primeira aproximação seria uma forma de vida que abarca todos os membros que vivem em uma coletividade rural, trabalham na agricultura ou em outras atividades diferentes. Formaria também parte dessa coletividade uma população ativa, cada vez mais numerosa, que vive ou reside em uma localidade rural ainda que diariamente se translade a outras localidades, rurais, urbanas, para realizar suas atividades.
Para os grandes centros, o ambiente rural é percebido como um todo homogêneo e subdesenvolvido. O termo que estava relacionado de início à qualidade campestre, passa a designar certo meio social caracterizado por atividades agropecuárias-florestais-mineradoras e por valores culturais a serem superados pela desejável urbanização das sociedades. Enquanto o ambiente rural relacionava-se com dispersão e estagnação, concentração e mudança eram fatores decorrentes da urbanização e vistos como ponto positivo para o avanço da sociedade.
No entanto, a expressiva concentração e mudanças tecnológicas não trouxeram o resultado esperado que era a melhoria na qualidade de vida das pessoas. Pois é nos grandes centros paradoxalmente que o exercício da cidadania se torna quase impraticável.
O êxodo rural é um fenômeno que ocorre naturalmente em todas as estruturas fundiárias. Esse êxodo pode ocorrer de um meio rural para outro rural, ou da área rural para um centro urbano, mas é sempre uma mobilidade horizontal, à procura de melhores condições de vida.

MUDANÇAS SOFRIDAS AO LONGO DO TEMPO

Com o desenvolvimento dos meios de comunicação e transportes, a comunidade rural está perdendo as suas características antigas e assumindo feição inteiramente nova. A comunidade rural no Brasil está deixando de ser eminentemente rural para tornar-se comunidade rural-urbana. As relações com pessoas e grupos, bem como com as instituições, estão aproximando cada vez mais esses dois mundos que até pouco tempo, viviam completamente segregados.
Como resultado, acelerou-se o processo de difusão de novas idéias, de novas atitudes, de novos comportamentos, de novas técnicas e, até mesmo, de novos sentimentos, mas sempre com predominância da cultura urbana sobre a rural.
No Brasil, cada comunidade rural é uma realidade própria, e como tal, deve ser estudada com instrumentos adequados, de acordo com o estágio de desenvolvimento em que se encontram.

DADOS ESTATÍSTICOS DA POPULAÇÃO RURAL NO BRASIL

O Brasil, que tem a imensidão de um continente, conta atualmente com 5507 municípios, sendo que 4.089 possuem menos de 20.000 habitantes, ou seja 74,2% ou ¾ do total desses municípios podem ser considerados com características rurais, abrigando uma população de 31.845.211 (trinta e um milhões e oitocentos e quarenta e cinco mil e duzentos e onze) habitantes, correspondendo a 18,77% da população total.
È possível constatar a grande concentração
Ao falar sobre rural e agro no Brasil, implica falar também no Movimento Nacional dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e no processo de reforma agrária. Conforme os últimos dados disponíveis pelo INCRA (Instituto Brasileiro de Reforma Agrária) foram criados em todo território nacional, cerca de 2.500 assentamentos, atendendo nos últimos seis anos aproximadamente 550.000 (quinhentos e cinqüenta mil) famílias (www.incra.gov.br) atingindo uma população estimada de mais de dois milhões de pessoas. São números grandes, proporcionais ao tamanho dos problemas do Brasil nessa área.
A implementação de projetos de assentamento tem sido constantemente apontada como uma das ações da reforma agrária que pode contribuir efetivamente para o desenvolvimento rural no Brasil.
Porém, existem diversos impactos sociais políticos e econômicos que esse tipo de ação pode gerar nas comunidades locais. Além desses impactos, existem outros que passam despercebidos em termos de análises psicossociais e subjetivas dessa população, tais como a violência e os conflitos entre os diversos grupos envolvidos neste processo.

Psicologia rural: identidade e movimentos sociais

IDENTIDADE E MOVIMENTOS SOCIAIS

Tajfel e Turner (1979) desenvolveram a Teoria da Identidade Social, que pressupõe a existência tanto de identificação e associação do ser humano a determinados grupos, denominados grupos internos (endogrupo), como de comparações do grupo que pertença com outros grupos, chamados grupos externos (exogrupo), comum a tendência de avaliação favorável ao grupo interno. Myers (2000) afirma que a identificação grupal pode ocorrer porque:
§ O sujeito culturalmente se identifica com o grupo;
§ O sujeito pessoalmente tem uma forte identificação com o grupo;
§ Uma situação de conflito ameaça uma identidade de um grupo de status incerto e provoca identificação e coesão grupal. Esta última pode ser observada no caso de movimentos sociais que buscam acesso a terra.

As crenças e expectativas de cada indivíduo concorrem para a formação das normas e pautas de conduta dos grupos, que por sua vez, estruturam todo o seu ambiente social. A necessidade dos símbolos, ou mesmo, a mudança de comportamentos operados a partir da introdução de variáveis como a simples escolha de um de dois quadros, como o estabelecimento de metas a serem alcançadas conjuntamente ou individualmente, podem fazer diferença entre sentir-se parte de um grupo ou não. Nesses aspectos, a psicologia pode contribuir nesses aspectos pois detém bastante desses conhecimentos.
Kurt Lewin, como também Sheriff e Moscovici nos proporcionaram conhecimentos sobre a coesão grupal e os aspectos de liderança, influência de grupos minoritários sobre grupos majoritários e participação democrática. Os movimentos sociais no campo necessitam desses conhecimentos, pois frequentemente depois de passarem alguns meses ou anos acampados em situações precárias, obtêm acesso a terra. O nível de coesão grupal, nestes momentos era bastante elevado. Os objetivos eram bem comuns e o problema a ser vencido era externo. Entretanto, vencido o obstáculo, depois de algum tempo, este nível de coesão tende a enfraquecer, pois os objetivos passam agora a ser mais de metas pessoais ou familiares que de todo o grupo, gerando conflitos internos ao próprio movimento, muitas vezes enfraquecendo ou adicionando dificuldades operacionais a uma conquista realizada arduamente.
Outro problema a ser enfrentado nesse processo é o das relações entre os assentados e os seus novos vizinhos, pois essas relações são na maioria das vezes tensas e distantes, pois os assentados são vistos como intrusos e mais favorecidos que os próprios colonos residentes.
Com base no manual dos assentados e assentadas da reforma agrária (INCRA), o assentamento alcançará seu objetivo quando, além de suprir as necessidades econômicas e de infra-estrutura ele se confundir com seu entorno, mesclando-se com outros não-assentados, mas de mesma condição sócio-cultural, pois um projeto de assentamento caracteriza-se também por ser um local de trabalho e de moradia no qual se constroem a identidade social e as relações intra e intergrupais.
Diante disso, a psicologia social pode participar de forma mais ativa na investigação dos aspectos que regem as relações dos grupos componentes do ambiente rural para servir de base referencial para as intervenções governamentais e privadas. É essencial conhecer as crenças e expectativas dos indivíduos envolvidos no processo, pois essas variáveis concorrem para a formação das normas e pautas de conduta dos grupos. A intervenção de um psicólogo social em um ambiente de construção de identidade social e das relações intra e intergrupais de uma comunidade pode tornar mais eficaz o trabalho de implantação de um projeto, principalmente quando seu êxito e o processo de tomada de decisão incluem a integração grupal.

Vantagens e desvantagens da vida rural

Veremos agora, alguns dos aspectos positivos e negativos da vida numa comunidade rural. Em primeiro lugar analisaremos os fatores positivos porque eles constituem a razão de ser da permanência das pessoas em suas localidades.
Para o habitante do meio rural, a vida no campo é mais simples, e ele pode viver dentro dela sem muita preocupação com etiquetas, com vestuário e coisas mais. O homem habituados desde cedo a esse tipo de vida, é dentro dela que se sente feliz. Para ele a vida é mais ruidosa e agitada, enquanto o campo lhe oferece um ambiente tranqüilo, sem muitas alterações na sua vida, a não ser quando as estações do ano se mudam, obrigando-o também, a modificar algumas de suas formas de comportamento.
Outra vantagem é o contato com a natureza. A vida em campo aberto lhe dá ainda uma sensação de liberdade e não o escraviza muito ao quadrante de um relógio. Ele só vai à cidade por absoluta necessidade e, quando isso acontece, seu pensamento constante é regressar o mais depressa possível à tranqüilidade e ao ar puro do campo.
Na comunidade rural, todos são conhecidos e se tratam com muita intimidade, o que não ocorre na cidade. No campo, os contatos primários, ao passo que nas grandes cidades, os contatos são denominantemente secundários, funcionais e despersonalizados.
A vida ao ar livre constitui, para o homem rural, uma das maiores recompensas do trabalho duro que venha a existir. A cidade para ele é muito poluída pela fumaça dos veículos e das fábricas que decorrem de seu próprio dinamismo. No campo, porém, não há nada disso, porque só se ouve o rumorejo das árvores, o canto das aves e o barulho das águas e vozes conhecidas. Tudo isso lhe dá a sensação de domínio sobre todas as coisas.
Com relação aos fatores negativos da vida do campo, podemos enumerar os seguintes:
Na área rural, o homem vive privado de grande número de recursos que podem contribuir grandemente para o seu conforto e bem-estar. Muitas das instituições da cidade não existem no campo. Suas escolas são mais precárias que as da cidade; os serviços de saúde na cidade são mais eficientes e desenvolvidos que no campo; a própria igreja dá mais assistência na comunidade urbana que no meio rural.
No rural, os meios de transporte são muito mais morosos e mais difíceis que na cidade, além de estar sujeitos às variações do tempo como forte seca ou inverno, este que torna o acesso a outros lugares mais difíceis.
De todos os fatores mais negativos da vida rural, o que pesa mais para aqueles que vivem da terra se relaciona com o fator tempo. Se o tempo corre bem, a produção torna-se abundante, e quando esta fica abundante, há uma tendência natural para a queda dos preços, afetando consideravelmente a sua vida econômica e social. Se por outro lado for mal para ele e para os demais habitantes da área, a conseqüência natural é a escassez de produtos e encarecimento das utilidades que ele adquire na cidade, e sérios prejuízos econômicos e financeiros.
Para se livrar dessas duas situações desvantajosas só há um caminho: o da organização.

A educação na zona rural

A EDUCAÇÃO NA ZONA RURAL
Não vou sair do campo
Pra poder ir pra escola.
A educação no Campo
È direito, e não esmola.
(...)
(Gilvan Santos)
A escolarização rural foi e ainda é vista preponderantemente pelos diversos governos brasileiros como um prolongamento da escolarização urbana. Nas escolas rurais, inicialmente, eram aplicados os mesmos métodos e materiais didáticos urbanos, em detrimento da diferença do processo de assimilação do conteúdo dos alunos do campo e da cidade.
Somente a partir da Lei de Diretrizes e Bases, Lei nº 9394 de 1996, é que se abre uma preocupação para a especificidade da realidade rural (LEITE, 2002). Tal fato ocorre a partir da sustentação da idéia de uma escolaridade preocupada com a consciência ecológica, na preservação dos valores culturais e da práxis rural, e primordialmente no sentido da ação política dos rurícolas.
Atualmente, ainda nos deparamos com muitos problemas em relação à escola rural. Em relação aos aspectos sociopolíticos, verificou-se a baixa qualidade de vida na zona rural, uma vez que os rendimentos dessa população são muito baixos, e fortes penetrações da cultura urbana, ocasionando alterações nos valores socioculturais campesinos.
No que se refere à situação do professor, deparamo-nos com a presença do professor leigo ou de formação essencialmente urbana; que sofre graves problemas de transporte e moradia; a presença de clientelismo político na convocação dos docentes; baixo índice salarial, além do acúmulo de funções.
Quanto à clientela da escola rural, alguns aspectos são importantes de serem considerados:
§ A condição do aluno como trabalhador rural (principalmente dos alunos do sexo masculino, que, auxiliam seus pais nas mais diferentes atividades do campo);
§ A distância existente entre moradia, trabalho e escola, como um dificultador para a freqüência constante dos alunos;
§ O acesso precário a informações gerais (direitos trabalhistas, serviços básicos de saúde, educação);
§ As baixas condições financeiras familiares que podem gerar comprometimentos na saúde física ou mental (desnutrição, fome, baixa auto-estima/sentimento de inferioridade, pouca motivação).
Em relação à ação didático-pedagógica do professor na escola rural, temos também diversos problemas como:
§ A inadequação do currículo, tendo em vista que, em grande parte das vezes, o mesmo é estipulado por resoluções governamentais e, apesar das adaptações à realidade rural, trazem um referencial urbano de escola;
§ A estruturação didático-metodológica é deficiente, devido à escassez de verba pública para propiciar melhores condições de trabalho aos profissionais, ou mesmo pela precariedade da formação do profissional, que não detém conhecimento suficiente para dinamizar e tornar a aula mais atrativa ao aluno.
§ As salas multiseriadas agregam, além da diversidade já existente entre alunos de um mesmo nível cognitivo, séries diferentes, com demandas diferentes, que requerem metodologias didáticas diferentes.
§ O trabalho com personagens tão diferenciados não seria tão problemático se os docentes dispusessem de planejamentos especializados e materiais para tal. Infelizmente, essa não é a realidade que encontramos em grande parte das escolas estudadas.
§ A dissonância entre a sazonalidade da produção e o calendário escolar leva ao absenteísmo dos alunos e à conseqüente descontinuidade escolar, mesmo com a utilização da chamada “Pedagogia da alternância” (modelo recente desenvolvido em estados como RS e ES), que flexibiliza o calendário escolar, alinhando-o à colheita dos produtos plantados na região.
Uma mudança de perspectiva é fundamental, através de utilização de modelos e metodologias que priorizem o trabalho e a vida no campo, respeitando suas características, princípios e valores. A psicologia detém bastante conhecimento na área de ensino-aprendizagem e psicologia escolar, que pode servir de base para a formulação de pesquisas e projetos na área de políticas públicas para a educação rural.

De que forma a psicologia pode contribuir com o meio rural?

CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA PARA O MEIO RURAL
A psicologia é capaz de oferecer diversos serviços necessários e específicos da área de saúde mental, como trabalhos avaliação de políticas públicas, sobre cooperativismo e associacionismo, nas cooperativas, nos assentamentos agrários, agroindústria, na saúde e educação rural.
Os psicólogos podem auxiliar no desenho e na avaliação em modelos de atenção em saúde e educação, como também avaliar o impacto das políticas públicas na comunidade local. Esses serviços podem beneficiar a limitação do caos que se encontra nas grandes cidades, na medida em que sejam ofertadas melhores condições de vida nos pequenos municípios, e atraindo de volta os que partiram, e fixando ali os que não desejam sair.
Também com relação à transferência de tecnologias para o homem do campo, afinal de contas os processos de aprendizagem tem sido um dos pilares de estudos da psicologia, e mais, o processo de transferência de tecnologias envolve comunicação, aprendizagem e a tomada de decisão para inovar, e não é fácil mudar comportamentos. O profissional que servirá como ponte para essa transferência não pode motivar ninguém. Ele pode fazer com que os agricultores conheçam ou sintam sua própria motivação, de modo que, consciente de seu interesse, sinto desejo de submeter-se ao esforço necessário para mudar. Quanto a isso a psicologia também possui uma série de ferramentas.
Com relação aos estudos sobre o trabalho é um campo a ser preenchido. Segurança e proteção individual quanto ao uso de pesticidas e fungicidas, ergonomia, adestramento de animais são demandas que podem constituir um campo de trabalhos e pesquisa muito rico.
Albuquerque e Cirino (2001) destacam que a psicologia deve e pode apontar conhecimentos que ajudem as pessoas habitantes do meio rural, a relacionar-se melhor com o ambiente em que vivem. A contribuição da psicologia social pode ser de grande importância para a facilitação e o desenvolvimento do meio rural. Partindo do entendimento da realidade rural, esta se tornaria um vasto campo de trabalho para as pessoas, inclusive para o profissional de psicologia.

Quão estável é a personalidade ao longo do desenvolvimento?

As pesquisas do desenvolvimento tem procurado responder a uma questão fundamental: Quão estável é a personalidade no decorrer da vida?
No filme 49 UP acompanhamos o drama de Neil, uma criança fascinante e risonha que queria ser astronauta ou motorista de ônibus. Aos 14 anos já mostrava uma faceta sombria, afirmando que jamais tinha tempo para brincar. Logo pelas primeiras entrevistas ele demonstrava um claro espírito de liderança, atrapalhado por uma ansiedade que cresceria a ponto de tomá-lo por inteiro. Aos 21 anos havia largado a faculdade, trabalhava numa construtora e morava em um imóvel desocupado. Aos 28 anos viveu sozinho em um trailer sujo, numa região rural da Escócia, duvidando sobre sua própria insanidade. “Era conhecido como um excêntrico”, respondeu quando questionado sobre como os outros o viam. Sobre filhos dizia: “Não quero ter filhos, pois as crianças sempre herdam algo de seus pais. E mesmo que eu case com a mulher mais alto astral e feliz do universo, há chance de que meu filho venha a ser uma pessoa triste, porque acabaria herdando algo de mim”, avalia enquanto balança desconsoladamente a cabeça. Aos 35 anos Neil continuava vivendo do seguro social, passando fome ocasionalmente e temendo ficar louco. Quando entrevistado neste período e questionado sobre o que estaria fazendo daqui a sete anos ele diz: “Gostaria de estar fazendo várias coisas. A questão é o que eu estarei fazendo. Essa é uma pergunta horrível. A resposta é que provavelmente estarei vagando pelas ruas de Londres, mas com sorte isto não acontecerá”. Quando o pequeno Neil parecia ser um caso perdido, “42 Up” mostra uma reviravolta na vida do personagem e “49 Up” muda tudo novamente.
Aos 42 anos havia mudado para Londres e tornara-se um democrata liberal. Aos 49 Saiu de Londes para outra parte na Inglaterra, e fazia parte do Conselho Fiscal. Nesta época visitou Bruce, um outro personagem que observou o comportamento do colega, que este se incomodava com barulho do ar-condicionado ou do aspirador de pó, mas fora isso aparentou estar bem. Neste período mostrou um maior interesse pelas atividades da igreja, mas afirmou que não havia sentido o “famoso chamado sacerdotal, nem nada do tipo no momento”. Estava mais adaptado a vida social. O relacionamento com os pais que até então era frio e distante, torna-se mais próximo o que proporciona momentos para restaurar o vínculo familiar.
Sobre casamento lamenta não ter encontrado alguém do sexo oposto com quem se relacionasse, mas afirma que não era uma pessoa fácil. “Tive uma namorada por uns dois anos, então, talvez não seja uma pessoa tão impossível como pode parecer”. No último “49 Up”, Neil parecia ter um sentido de vida mais forte do que antes: “Vejo que só há uma vida e ela é curta. É preciso valorizar o lado bom dela”, conclui.
Este caso vem prestar alguns esclarecimentos acerca do desenvolvimento da personalidade, pois sua transformação vem ilustrar que as mudanças mais importantes da personalidade às vezes ocorrem durante a vida adulta.